Governança para Web: Imperativa para o Crescimento Organizado

Governança para Web: Imperativa para o Crescimento Organizado

Diversas organizações têm apresentado enormes dificuldades em criar, implementar e gerenciar uma estratégia digital. Dos ambientes e canais, à definição de públicos, modelos colaborativos, ferramentas, conteúdo e funcionalidades disponíveis, as corporações vêm se complicando em compreender como fenômenos do tipo convergência (multicanal, multiformato, multimídia), mobilidade, redes e comunidades, dentre outros, estão dominando a Internet e redefinindo seu papel e peso nas estratégias corporativas, principalmente no que chamamos na E-Consulting de tripé da Estratégia Web: Vendas, Relacionamento e Branding ou VRB.

Acreditamos que essas dificuldades serão cada vez maiores tendo em vista que a presença das empresas na Web vai aumentar forçosamente (inclusive à sua revelia, nos chamados ambientes terceiros, onde marcas, produtos e serviços são objetos contínuos de opiniões, análises, críticas…), assim como a complexidade da mesma.

Além disso, este aumento de demanda por presença e o crescimento das experiências em novas tecnologias, canais, modelos e formatos têm se dado de maneira desorganizada e desestruturada, uma vez que é latente a ausência de políticas, pessoas e processos adequados.

Os riscos dessa desorganização são variados e não devem ser desprezados. Dentre eles podemos citar:

  • Baixa eficácia e pouca clareza nas ações digitais (comerciais, marketing, posicionamento, relacionamento, atendimento, etc), fator que pode canibalizar as ações offline, confundindo estratégia, posicionamento, mensagem e, portanto, minimizando as chances de bons resultados,
  • Disponibilização de informações e conteúdo inconsistentes, desatualizados e desalinhados, gerando frustração e confusão nos diversos públicos,
  • Incapacidade de posicionar ambientes, mídias e ferramentas com o conteúdo certo, para os públicos certos, nos momentos certos, inclusive na Web aberta,
  • Incapacidade de escolher, moldar e gerir canais de forma integrada (abordagem multicanal, integração com CRM, etc), associada à baixa compreensão dos públicos de interação e seu life cycle,
  • Inconsistência nos modelos de colaboração com os diversos públicos, ora pouco atrativos, ora pouco interativos, ora pouco interessantes,
  • Baixa capacidade de gerenciar os ciclos de transacionais de clientes e consumidores, principalmente em ambientes multimídia e em relacionamentos continuados,
  • Inexistência de métricas e modelos de mensuração de performance e valor adequados à gestão corporativa – e não somente à gestão do canal,
  • Indefinição sobre autoridades e padrões, bem como sobre convocatórias e responsabilidades entre áreas e departamentos da empresa (ex. Marketing e TI ou Marketing e Clientes),
  • Riscos de litígio, problemas com segurança da informação, difamação nas redes 2.0, presença em Sites de reclamação, gestão de problemas com atendimento/trocas/garantias/delivery, dentre outros fatores ligados às chamadas liabilities,
  • Gestão precária e sem rotina definida (ex. PDCA), baixa integração com o chassis operacional da empresa (processos e modelos de gestão), má gestão de projetos e iniciativas digitais (ex. PMO), orçamentos insuficientes, ausência de accountability clara e reconhecida, pouca ou nenhuma integração com a estratégia corporativa, desconexão das metas e modelos de compensação de empresa e escolha de tecnologias inadequadas ajudam a rechear a lista…

A Governança da Web é, similarmente à Governança Corporativa e à Governança de TI, um instrumento capaz de fornecer modelos maduros de resolução destas questões, pois estabelece como os recursos (pessoas, tempo, dinheiro, etc) devem ser alocados frente às estratégias, objetivos e metas traçadas.

A Governança da Web estabelece autoridades, responsabilidades e regras que são necessárias para efetivamente gerenciar todo o ciclo de operação digital da empresa, desde a concepção até à execução, independente de canais, ambientes, mídias, ferramentas, funcionalidades, públicos, conteúdo, formatos, finalidades, tecnologias e processos ligados.

Podemos dizer, em suma, que uma boa Governança de Web, em qualquer dimensão relacional (B2C, B2B, C2C, etc) presume a perfeita orquestração entre o que chamamos de 3Ps (Pessoas, Processos e Padrões) da Gestão Digital.

Pessoas
  • Relacionado à definição de responsabilidades e autoridades (sponsors, matriz de responsabilidades, mapa de stakeholders impactados, clientes e fornecedores internos e internos, etc)
Processos
  • Métodos e modelos de organização e gerenciamento da operação digital da empresa, incluindo tecnologias, sistemas, funcionalidades, ferramentas, ambientes, canais, mídias, conteúdo, públicos, etc, além de rotinas de gestão, relatórios, métricas, dashboards, dentre outros.
Padrões
  • Definições de padrões (guidelines) a serem seguidos, em dimensões como Marcas, Mensagem, Conteúdo, Segurança da Informação, Gestão de Projetos, Qualidade, Questões Jurídicas, Gestão de TI, Modelagem e Integração de TI, Implementação e Operação de TI, Orçamentação, Investimentos, Bonificação,
  • Desempenho e Remuneração, Relacionamento com Stakeholders Internos e Externos, Práticas de Compras, etc.

Dentre os benefícios de adoção da Governança da Web podemos citar:

  • Aumento da eficácia, performance e resultados em função de maior controle e transparência dos processos e investimentos da empresa,
  • Definição de papéis, responsabilidades e processos de todo o ciclo de Web, facilitando o fluxo interno das questões ligadas à Web na empresa,
  • Definição de linhas gerais para o desenvolvimento estratégico, comercial, mercadológico, criativo e técnico, mais alinhados ao modelo offline vigente,
  • Definição de orçamentos adequados para a criação e operação da estratégia digital e suas iniciativas, projetos e ambientes.

No entanto, a implementação de um modelo de Governaça da Web não é fácil. Para ter sucesso, o novo modelo deve ter o apoio e a cooperação de toda a organização, estabelecendo, inicialmente, líder(es) para mobilização e formatação da nova arquitetura de gestão a ser implementada.

A relevância, o orçamento e os riscos associados às iniciativas digitais só vão crescer nos próximos anos. Mais precisamente triplicar nos próximos 4 anos.

Sua empresa vai continuar gerindo a Internet como um campo de provas?

Publicado em Uncategorized | Marcado com , , , | Deixe um comentário

Resenha do Livro: The Brand Gap

Como Construir a Ponte entre a Estratégia e o Design – Marty Neumeier

O livro “The Brand Gap – O Abismo da Marca”, escrito por Marty Neumeier, um dos responsáveis pela gestão da marca de empresas como a Apple, Adobe, Kodak e HP, trata de gestão de marcas sob o prisma estratégico, representado pela necessidade premente da união entre a estratégia empresarial e a experiência de marca para o consumidor.

Para ele, tal união deve permitir às empresas construírem marcas carismáticas. Neumeier diz que marcas carismáticas representam produtos/serviços/empresas para os quais as pessoas não acham substituto.

O argumento do autor é que existem (e realmente existem) grandes dificuldades em unir a estratégia empresarial à experiência da marca.

A razão disso são as diferentes maneiras de pensar, agir e decidir dos chamados pensadores estratégicos (strategic thinkers) e dos pensadores criativos (creative thinkers) – ou seja, a discrepância de mind-set, valores e visão existente entre os responsáveis pela formulação das estratégias e os responsáveis pelo branding.

Empresas que aprendem a atravessar o abismo entre estratégia e experiência são capazes de se comunicar e relacionar com seus consumidores (e demais públicos) de maneira íntima (ou visceral nas palavras do autor) e personalizada e, com isso, criar verdadeiras vantagens competitivas e exclusivas. No entanto, para que isso aconteça, os dois grupos (estratégicos e criativos) devem trabalhar juntos e vencer suas barreiras.

Disciplinas necessárias à criação de uma marca carismática

Neumeier descreve as 5 disciplinas necessárias à criação de uma marca carismática: Diferenciar, Colaborar, Inovar, Validar e Cultivar.

Outro conjunto de idéias interessantes apresentadas no livro é o chamado teste de foco. Esse teste consiste de 3 perguntas essenciais, a serem feitas aos responsáveis pelo branding. A qualidade dessas respostas é que determina o poder de uma marca.

As perguntas são:

Quem você é?
O que você faz?
Por que sua marca é importante?

O livro, apesar de razoavelmente superficial – dado que não aborda profundamente questões como gestão, posicionamento e valoração das marcas, acaba por cumprir um bom papel de introdução ao tema do Branding, porque traz novos insights acerca de um assunto relevante, de forma concisa e recheada de idéias instigantes relacionadas a disciplina do branding, às marcas e elementos como criatividade e inovação.

A quem se destina?

A leitura é recomendada a todos os envolvidos direta ou indiretamente com a marca da empresa (e de produtos/serviços), desde a equipe de marketing, desenvolvimento de produtos, design e pesquisa, até as agências de publicidade e todos os envolvidos no relacionamento – independente do canal e finalidade – da marca em questão com seus respectivos públicos.

Veja o link para a versão resumida do livro:

Publicado em Uncategorized | Marcado com , , , , | Deixe um comentário